quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O ano em que meus pais saíram de casa.



A história se passa em 1970, ano de copa do mundo. Os brasileiros estavam ansiosos e entusiasmados. Entre eles Mauro, um garoto de doze anos, que como a maioria dos brasileiros, era apaixonado por futebol. Contudo esse contexto de alegria que tomava conta do Brasil, estava mesclado ao sentimento de medo e inquietude que assolava a nação. Era época de ditadura militar. Muitas pessoas eram perseguidas, torturadas, exiladas e até mortas, em razão de terem, de alguma forma, expressado opiniões contrárias à arbitrariedade dos chefes de Estado. Os pais de Mauro se encontravam nessa situação. Tiveram que fugir para não sofrerem as cruéis punições a que eram submetidas às pessoas que manifestavam alguma objeção contra o governo. Para pouparem o filho, disseram que iriam tirar férias e o deixaram na cidade do avô.
A vida de Mauro começa a passar então por muitas transformações. Seu avô havia morrido e ele precisou morar com um judeu que conhecera acidentalmente. Naquela nova cidade, ele fez amizades, conviveu com pessoas e culturas diferentes, sentiu muita saudade de seus pais, que prometeram voltar na copa. Coisa, aliás, que para a tristeza de Mauro, não aconteceu.

Preocupado com o destino dos pais, o menino não mais se entusiasmava com as vitórias do Brasil, e esperava ansioso, ao lado do telefone, alguma notícia deles. O medo de nunca mais vê-los, se agravou quando pessoas da vila começaram a ser presas.

Depois do término da copa, a mãe de Mauro retorna sozinha. Eles voltam pra casa e recomeçam suas vidas. O Brasil vence a copa, enchendo de orgulho os brasileiros. A ditadura, porém continua ainda por bastante tempo, maculando assim uma parte da nossa história. Parte essa, aliás, da qual não nos orgulhamos nenhum pouco.









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